Sentei-me a ver as folhas a cair,
Sentei-me e vi o tempo a passar,
Procurei com minhas mãos a brisa,
Senti apenas frio,
Não atingi o pretendido
Parti do principio do fracasso,
Levantei-me de onde me havia sentado e berrei,
Gritei, prostrei meus joelhos no chão
Chorei, olhei em volta,
Rodei sobre mim,
Um movimento de rotação
E vi tudo rodar em minha volta,
E afinal não era eu que rodava
Eram as coisas que rodavam em minha volta,
e as folhas caiam em espiral, e as pessoas faziam tangentes,
e secantes às folhas
Derivando o seu caminho
Integrando-se no mundo que afinal me rodeava
e abraçava
e me aconchegava nos meus devaneios irreais.
Dei largas à minha rotação e choquei com alguém que rodava
E sorri porque não rodava sozinho
Todos eles rodavam
Rodavam sobre si mesmos
E em volta uns dos outros,
Cada qual olhando para cima,
Cada qual pensando que o mundo girava em sua volta,
Então parei de rodar,
E vi que afinal nada rodava em minha volta
Que todos estamos dependentes de outras rotações,
E deixei os outros pobres rodando,
Iludidos que o mundo gira em sua volta,
Em torno do seu nariz,
E ri, um riso alto e forte,
E o meu corpo oxigenou-se,
E fiquei como novo e voltei a ver o tempo a passar,
E tentei mentalmente fazer as folhas parar de cair,
E vi-as parar de cair,
Fechei os olhos e vi as folhas fazerem
Tudo o que lhes mandava,
Ora voavam,
Ora chocavam com quem passava,
E voltei a abrir os olhos
E as folhas continuaram a cair,
Num destino certo,
Regidas pela lei universal da gravidade,
E conformei-me,
Porque é isso que sou,
Sou um pobre conformado,
Com o mundo que me rodeia mas não gira em minha volta
Feliz com a minha capacidade de imaginar
E fabricar na minha mente um mundo à minha medida,
Onde eu e tu somos felizes,
Onde eu e tu nos amamos,
E os outros pobres continuam a girar em torno de si próprios
Pensando que o mundo é apenas aquilo que conhecem
E não aquilo que à para além das fronteiras do conhecimento,
Porque a vida é mais do que os dois palmos de terra a que chamamos
Mundo,
Porque o amor existe e não se aprende porque o amor
É a nossa ilusão de vida e assim vivemos felizes
Porque o amor é a nossa imaginação junta com a de alguém
Porque amor é o que se faz quando duas pessoas se amam
E quando duas pessoas se amam
É porque imaginam um mesmo mundo de felicidade
Onde um e o outro já existiam num plano sobre vida
E estavam à espera do momento físico,
Regendo-se pelas regras desse imenso mundo
Que se chama filosofia.
Porque o homem mede-se pelo conhecimento
Porque um homem só é completo quando se conhece,
E todos nós, interiormente, nos conhecemos
E tememos as nossas capacidades,
E temos medo do mundo dos que giram em torno de si mesmos
E refreamos o que sentimos e andamos em frente
Cegamente, piamente, conformados,
Porque afinal conformados somos todos nós,
Porque afinal um dia todos nós
Paramos de rodar,
Porque um dia todos nós desaparecemos.
Poesia do Silencio De dentro do ser mais interior que reside na minha alma, produto do subconsciente que habita em mim. O meu pensamento o meu ser.
20031120
Silenciosamente por kristho
Silenciosamente por kristho
à(s) 13:41 |
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