20070602
Silenciosamente por kristho

olho pela janela do meu quarto,
e vejo estrelas cadentes que não seguem
os desejos que lhes faço,
sinto-me impotente,
e desprezado pelo poder celeste,
um escorpião num frasco de formol,
fecho a janela do exterior, estou farto,
mesmo que elas tentem nao conseguem,
mudar o que se passa num coração,
nem acelerar o que cá dentro se sente,
não se aproveita nenhum desejo,
não há nem um que preste,
e fico no escuro do meu quarto,
no meio dos meus desejos egoistas,
de querer acelerar o tempo,
de querer voltar para trás e para a frente,
passar as tristezas com uma borracha aparente,
recalcar tudo o que é mau
por baixo do meu colchão,
quero aqui no escuro, dentro dos meus lençois,
a coisa mais dificil de encontrar,
tu e o teu amor,
numa noite de paixão ardente,
abro a porta de casa e saio,
olho para baixo,
não confiarei jamais na estrela cadente,
nem na lua, nem nos astros,
cartas, e coisas que tais,
quero só ser abraçado por esta realidade dormente,
onde tudo passa devagar,
onde qualquer coisa que se diga,
muitas vezes passa como inconsequente,
e quero sentir tudo,
e esperar, como é bom esperar,
ser inundado de lágrimas de esperança,
dar valor às palavras,
e ouvi-las só quando elas tiverem de ser ditas,
caminho para junto do mar,
e vejo as ondas a baterem nas rochas,
e sei que esta é a mesma agua das ondas
que batem nas rochas ao pé de ti,
e é assim, o mar é o nosso confidente,
o teu reflexo ai é exactamente o mesmo que aqui,
o meu sorriso é que é diferente,
anseio a cada momento poder ter-te do meu lado,
sem as tuas asas de anjo,
ou um reino de herança,
quero-te a ti, humana, real,
sem falsas aparências dadas por palavras
muitas vezes ditas sem sentido,
é a ti que quero dizer as coisas,
a uma pessoa real, mas que é perfeita,
pelo menos para mim,
porque é nas tuas imperfeições,
nos teus pequenos erros
que tudo ganha a verdadeira razão de ser,
vou ficar aqui... a contar as coisas que sinto ao mar,
para ele transportar a minha voz pelo oceano,
e dizer-te as palavras... que ainda nao te disse...

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