Regressei à terra perdida,
na podridão do silêncio,
enrolei um cigarro,
acendi e vi,
a cinza que caia no chão,
aproximei-me do jardim
e vi um pássaro morto no chão
os ladrilhos manchados de sangue,
a cinza do meu cigarro
misturava-se com o sangue
que escorria
daquele pássaro vão,
voaste tudo o que tinhas de voar,
foste criança e caiste,
sorriste, aprendeste,
sonhaste, envelheceste,
caiste, morreste,
sentei-me na terra perdida,
longe de todo o mundo,
naquele mundo onde ninguém existia,
e fumei, inalei profundamente,
relaxei e senti a vida num fio,
senti o vazio do meu coração
que me engolia,
vi o meu reflexo numa lágrima
de chuva, e fugi,
saltei muros, buracos de estrada,
passei vielas, enterrei-me,
cavei o buraco mais fundo
até o sangue sair das minhas unhas,
e senti-me pássaro morto,
quando o amor me fazia voar,
polgada a polgada enchi
a cova onde me enterrava,
fechei-me,
num buraco de onde não devia ter saido,
e por momentos voei novamente,
dancei contigo a valsa ao luar,
sem os pés tocarem no chão,
por momentos, sem ar, respirei,
e o tempo, mesmo por momentos,
momentaneamente andou para trás,
sorri e senti a areia a afastar,
apenas ligeiramente,
contei segundo a segundo
a minha entrada para um outro mundo,
até deixar de contar,
o meu corpo deu um espasmo,
mas a terra não deixou,
fiquei preso, não saio de onde estou,
não morro, nem respiro,
já não sou homem,
já não sei que sou.
Poesia do Silencio De dentro do ser mais interior que reside na minha alma, produto do subconsciente que habita em mim. O meu pensamento o meu ser.
20060826
Silenciosamente por kristho
Silenciosamente por kristho
à(s) 23:04 |
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