20060702
Silenciosamente por kristho

De braços abertos
absorvo os primeiros raios do sol da manha,
inspiro,
como se fosse a primeira das manhãs,
a primeira de todas as primeiras,
como se o sol e o mundo e tudo
começassem de novo,
perco-me na ilusão contínua de que a vida continua,
fico de braços abertos na esperança de te abraçar,
de te dar todo o apoio que necessitas,
mas de todo não me quero sentir estorvo,
quero sentir o teu abraço
como agora sinto o ar deste dia que começa,
quero abrir os olhos e olhar os teus olhos
como primeiro raio de sol,
e saber aquilo que pensas,
quero conhecer-te,
não amar-te, porque amar destroi,
quero ser umas das flores que te ampara,
não a flor que te alimenta,
não te quero prender,
quero antes ser trampolim,
onde saltas e balanças e te divertes,
quero fazer-te sorrir,
e não ser o motivo desse sorriso,
como não te quero fazer chorar nunca,
corrijo-te então,
o meu barco vagueia na deriva da vida,
na imensidão deste balanço,
nas aleatórias ondas de uma tempestade,
quero ser uma mera estrela,
no céu da tua vida, mas saber que quando
olhas para cima te vais lembrar de mim,
não te conheço borboleta,
porque és de uma especie desconhecida,
como eu o sou para ti,
e voas para longe,
e no entanto longe sei que voo ao pe de ti,
porque sei que posso contar contigo,
tal como tu podes contar comigo,
não te amo porque o amor consome,
sei apenas que quando
num qualquer sitio, num qualquer lugar,
fechar os olhos me vou lembrar
do teu olhar,
porque mesmo não te amando
marcas a minha vida a cada dia que passa,
mesmo não te conhecendo sinto
que não passei um unico dia longe de ti,
como se tivessemos nascido no mesmo dia,
no mesmo local.

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