Poesia do Silencio

Sinto-me perdido,
longe de ti,
sinto o meu coração oco,
sem vida,
o cinzento que me cerca,
a nevoa, que não me deixa ver para além do real,
como quando estou contigo,
e vejo tudo, de todas a formas,
como é bom ver o teu sorriso,
e para além do seu brilho,
ver uma vida nova inteira,
cheia da felicidade que julguei apenas existir em sonhos,
sinto falta da alucinação que provocas em mim,
como se não precisasse de mais nenhuma outra droga
para viajar para mundo paralelos,
onde, pelo menos,
posso imaginar que queres ficar ao meu lado,
que podemos atingir juntos a felicidade,

gosto de ouvir a sinfonia da tua voz,
mesmo quando já não a ouço,
porque estou demasiadamente estasiado
com os teus olhos,
porque mesmo não te ouvindo por completo
sinto que sabes que te compreendo,
e como queria poder compreender-te
todos os dias que acordasses ao meu lado,
não sabes como o meu coração bate fraco
por não estares junto a mim,
por compartilhares o teu amor,
mas não comigo,
como queria deusa,
ser anjo nesse teu céu que comandas,
como queria tocar a harpa que faz dançar o teu coração,
como queria ser o teu fado,
e não ser o fardo que me sinto,

porque junto a ti sou um comum mortal,
porque ao pé de ti nada é especial,
porque fazes um mundo inteiro parecer um grão de areia,
és todo um universo,
e nós vivemos em ti,
objectos da tua imaginação,
pedaços de divagação,
como queria ser protagonista
nesse romance que escreves a cada dia que acordas,
como queria ter o poder de te fazer sorrir,
pelo menos a coragem de falar quando estou ao teu lado
e não ficar simplesmente extasiado com a tua imagem,
como me dizes tanto, sem no entanto me dizeres nada,
como é bom estar vivo,
como é bom estar ao teu lado,
mesmo estando calado...