20041103
Silenciosamente por kristho

Do cinzento se ergue a história,
o pó, memória, as ruinas são palacios,
o vento é brisa antiga,
o sol é fogo que arde em mim,
a gota é onda que fustiga a praia onde me deito,
e cai, de chuva, gota de temporal,
que me molha, no fim de tarde,
ou na alvorada carente,
na noite solitária,
esperando-te, ausente,
princesa de um reino distante,
de um passado presente no meu coração,
são pedaços de uma história,
de um novelo que se desenrola,
ao sabor do dia, ao paladar da poesia,
no navegar da caneta pela calmaria da folha,
num amor eterno,

deito-me calmo,
junto à falésia das ideias,
o oco, o vazio, o ninguem,
onde tudo é relembrado,
mas não lembra a alguém,
o som das palavras que escrevo,
sem sentido, mas com orientação,
o doce rasgar das ideias,
desbravando as folhas virgens,
levando-me ao mundo onde me entendo,
e entendo todas as coisas,
porque tudo é simples,
tudo é amar,
escrever é viver,
beijar, respirar,
observar, sobreviver,
chorar, morrer,
onde as estradas não tem fim,
excepto o fim que lhes damos,
onde cada pedra da calçada nos é familiar,
porque são fruto da nossa criação,
onde tudo recordamos,
um retrato a sépia,
onde nos vemos e revemos,
corrigimos e recriminamos,
para que quando voltamos
a este misero mundo mortal
não cometemos os mesmos erros,
para que tudo seja tão simples
como amar.

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