20031114
Silenciosamente por kristho

E ao passar de um novo dia subimos o monte, e lá de cima vimos o belo pôr-do-sol, sentados naquela brisa de Verão, lembramos os tempos passados e as belas noites de lua cheia, quando nos libertávamos de todos os preconceitos, e deixávamos nossos corpos fluir um no outro, e nos apaixonávamos perdidamente. E ali ficámos retidos, embasbacados com aquele sol, quase luar, e tudo começou a ficar negro, uma estrela, e depois outra, e a lua rompeu das trevas e veio iluminar os nossos corações.
Deixámo-nos ficar e a olhar, criando entre nós raizes, laços de algo eterno que se chama amar, mas chamar amar é uma coisa tão comum, é um sentimento que tornaram banal, mais do que amar nós somos unos, como a noite e o dia, somos complementos indissociáveis de uma fonte vital, a vida.
E ficámos ali sentados, querendo nunca mais dali partir, e olhamo-nos, e sorrimos, e aquele monte tornara-se a nossa vida, e a nossa vida tornara-se o monte, o sol nosso conselheiro, a lua nossa almofada, as estrelas nosso cobertor.
Tomámos chá com a alvorada, falamos com o vento, somos a natureza e em gestos mágicos tornamos palavras em força, forças da natureza, fazemos da alegria calor, da tristeza chuva, da ira tempestade, do carinho estio, a separação é furacão, somos duas flores-de-lótus que bailam ao vento no Oriente, saboreando a calma e o passar do tempo, fazendo inveja ao comum dos mortais. Neste templo da vida somos monges sem deus, que acreditam mutuamente, que confiam e vivem a paz, que rezam juntos e se amam, somos irmão, pai, mãe, confidente, amante, amado, somos parte de um quebra cabeças, somos parte de uma vivência, somos parte de nós próprios.

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