20080914
Silenciosamente por kristho

Nem sei por onde começar,
talvez por pousar a caneta no papel...
e sorrir, a olhar os teus olhos,
talvez pudesse escrever milhares de palavras,
que já se disseram vezes sem conta,
e não ia ser nada de novo,
podia ir ao cimo de uma falésia,
num dia de vento e chuva e gritar...
e rezar para que o meu grito se ouvisse ai,
onde estás, longe de mim,
e mesmo longe não sinto frio,
porque pensar em ti me aquece,
me desperta o coração,
e quando penso em ti, perdido me encontro,
como se a memória do brilho dos teus olhos
fosse o farol que eu precisava
para que a minha vida ganhasse novamente
o sentido que houvera perdido,
podia dizer que o teu abraço me faz voar,
e sentir que mais nada no mundo importa,
mas tu sabes, ja te o disse ao ouvido,
já te mordi o ouvido, já te beijei,
e isso faz-me viver, loucamente a cada instante,
acreditar que posso estar novamente contigo,
saber que o que sentes por mim é,
pelo menos, tão forte como o que eu sinto por ti,

saber que esses olhos olham para mim,
mesmo quando estão fechados
faz-me chorar de alegria,
quando eu pensei que chorar assim era já utopia,
revelaste imensamente um anjo que existia em ti,
e que eu nunca julguei ir encontrar,
houve quem dissesse que te estava a usar,
e eu pego nessas palavras e enrolo-as num trapo,
ato-as e calo-as, e atiro-as para longe,
porque não me abalam, e hoje aqui
grito para quem quiser ouvir o amor que me despertaste,
e pode até ser quase proibido o que vivemos,
não me importa,
se é o risco que tenho de correr para poder estar ao teu lado,
podem-me encarcerar... e vou de livre vontade,
mas vou de coração aberto,
pelo amor que cá mora,
já aqui estás, no meu coração, e esse lugar ninguem te vai tirar,
so o espaço nos pode separar,
estás no meu corpo, nos meus olhos,
nos meus sonhos, na minha boca,
fazes-me feliz como ninguém,
não te quero, nunca, perder.

2 Desabafos:

Anónimo disse...

Canções ecoam mansas pelos vales
e sobem as montanhas docemente
e delas adormece o solo quente
e eu sobre ele sonho a cor dos males...

Tudo está em mim à espera que tu fales...
Por essa terra fora, terra quente
só aos ecos respondem docemente
os sons cruéis que eu quero que tu cales!...

A tua voz não vem com a dos ecos...
ao pé de mim só estalam ramos secos...
e de ti nada chega aos meus ouvidos

E em mim vou sempre esperando a tua voz...
Será somente o meu pensar em nós?
Ou tocar-me-á em todos os sentidos?...

Jorge de Sena

Anónimo disse...

Coisas...!
O acaso às vezes faz cada coisa...
coisa que se diz do destino
ousas
repousar em mim, felino, o olhar
eu, que hoje nem vinha a este bar
fazes com os dedos um olá furtivo
e logo num caudal revivo
palavras antigas de um ano

Não me beijes por engano
não me causes maior dano
do que aquele que causaste
no dia em que aproximaste
os teus lábios do meu peito
e num momento perfeito
de paz e de assombração
tocaste o meu coração

Tocas
com os dedos mensageiros no corpo
chego-te em controle remoto
voto
em ficar por mais um século assim
bebericando do teu gin
tens já o olhar afogueado e pardo
ardido no vento em que ardo
pousado na brisa em que plano

Faço que dormito pra te olhar do meu canto
conheço-te os canto à casa
faz a
tua jura de quem casa comigo
e êxtases novos te predigo
mas não estás só nem mal acompanhada
e talvez que até mais bem amada
aplausos e corra-se o pano

Sérgio Godinho