20080607
Silenciosamente por kristho

E um comboio de letras seguiu,
perdido por uma página em branco,
seguindo os trilhos do pensamento,
parando em todas as estações e apeadeiros,
largando em cada estação,
um diferente passageiro,
uma ideia animada, ou descontente,
seguindo os rios,
contornando os montes,
pelo horizonte,
perdido até ao poente,

e um comboio de letras surgiu,
de cada vez que peguei na caneta,
contigo presa ao meu pensamento,
segui desenfreado,
neste comboio sem travões,
desenhando no céu
palavras de fumo,
que se perdem, vãs,
e que se desenrolam em frases,
que se trilham e me guiam,
numa caneta vagão,
que faz ruido na minha cabeça,
que muda de rumo sem perguntar,
que segue as linhas no chão
e escreve palavras de amor,

e um comboio de letras voou,
escreveu um texto, um poema,
um verso, um esquema,
voou, um universo inteiro,
para chegar junto de ti primeiro,
e te dar a conhecer
que palavras de fumo
não são para esquecer,
mas que agora estão aqui,
escritas no trilho de uma folha,
com estações e apeadeiros,
com partida em mim,
chegada em ti,
unindo aquilo que a distância separa,
fazendo transportar nos seus vagões,
as palavras e os sentimentos
que não posso esquecer,
e mando bem fechados
para tu os abrires,
todos os beijos e abraços
que guardo todos os dias que acordo
e anseio ver-te ao meu lado.

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