20070310
Silenciosamente por kristho

Rasguei as folhas de papel
que tinha na minha frente,
com linhas e linhas de amor
escritas de maneira diversa,
sem ordem nem consequência,
parti a caneta e os lapís,
limitei-me a partir para
a demência,
debrucei-me sobre a mesa,
chorei, berrei,
tinha saudades de um amor,
que sempre julguei eterno,
e que eterno se revelou
no meu coração,
e a as lágrimas que vão
descendo aleatoriamente
molham-me a roupa indecente,
fico assim, deitado sobre
os meus braços cruzados,
numa apatia aparente,
a ouvir o rápido,
no entanto fraco,
bater do meu coração,
e relembro uma capacidade
sobrehumana de escrever
tudo de todas as maneiras,
de sentir amor,
de me apaixonar por cada
fio de cabelo,
de me deixar levar para
um mundo de sonhos
a cada sorriso teu,
que me fizeste?
em que me transformaste?
em que te transformaste?
parto agora desta agonia,
moribundo, partido por dentro,
mas sem raiva, sem ressentimento,
ou arrependimento submisso,
orgulhoso porque te amei
e soube amar, e saber
que não fui eu que não te dei valor,
perco-me agora novamente
nos caminhos da vida,
como andei outrora,
sem ninguém, sozinho comigo mesmo,
porque sei que assim vou
sobreviver, sem viver na tua
ausência, na esperança víl
e infundada de que possas voltar um dia,
não tenho mais a capacidade,
de passar para as palavras
sentimentos, que apesar de vivos,
me fazem sofrer,
como uma faca que me corta os braços
e me faz sentir vivo com o sangue
que vejo escorrer para o chão
do meu quarto, onde mais
uma vez me encontro só,
perdido, mas encontrado em mim,
agora sei o que sinto,
agora sei isolá-lo,
não vou conseguir esquecê-lo,
não vou conseguir apagá-lo,
vou apenas viver,
sem, sózinho, querer voltar,
a encontrá-lo.

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